Tecnologia - O Impacto no ser humano
A cada dia que passa percebemos a dependência das pessoas em relação à tecnologia, visto que o acesso à Internet e às várias funções que ela nos permite explorar está muito facilitado por meio de redes sociais, jogos, etc. Em decorrência deste quadro, estamos muito distanciados do mundo real. Notamos uma dualidade: se por um lado a Internet aproxima as pessoas que estão mais distantes, às vezes até do outro lado do mundo, ela também pode distanciar.
Cada vez mais vemos os nossos jovens frente à tela de um computador ou celular, no seu quarto, com dificuldade de socializar, devido a uma perda da capacidade comunicativa, e que conseguem se "comunicar" somente por meio do mundo virtual. Num passado não muito distante, nossos jovens iam aos shoppings, festas na casa de amigos, se reuniam nos bancos dos prédios em que moravam até altas horas para exercitarem as relações pessoais. Namoravam, beijavam, viviam. Assistir TV e jantar eram atividades familiares, pois todos se reuniam para ver o programa do canal aberto existente na época. Porém hoje percebemos que cada membro da família centra-se no seu próprio foco. Os jovens, principalmente, tornam-se reféns desta suposta liberdade de expressão.
Hoje, a leitura que faço no consultório, é de que estes jovens foram engolidos pela virtualidade, a ponto de não conseguirem se aproximar de uma garota/o, olhar nos olhos ou falar em público, o que se torna cada vez mais um motivo de sintomas físicos como: sudorese, dores de cabeça, insônia, etc.
Já tenho recebido também um número volumoso de pacientes com queixa de nomofobia, que vem a ser a fobia causada pela angústia relacionada a impossibilidade de acesso à comunicação por meio de aparelhos celulares ou computadores. Na própria sessão de psicoterapia podemos verificar a necessidade do cliente de ter o celular à mão, para aliviar o stress de estar "desconectado" do mundo virtual, naqueles minutos de psicoterapia.
A reflexão é fundamental por parte dos pais e educadores, por permitirem o acesso demasiado e prematuro das crianças a este mundo virtual. Hoje vemos crianças de 2, 3 anos, com domínio total das funções do celular/tablet e seus pais na retaguarda que acham “o máximo” a inteligência e desenvoltura dos filhos.
Alerta: As crianças precisam ser crianças, utilizar a imaginação criativa na construção de brinquedos e/ ou brincadeiras, jogos, utilizar o desenho e a pintura como forma de expressão do mundo lúdico, com a estimulação da linguagem, atenção, memória, coordenação motora.
Precisamos preservar o que temos de mais valioso na vida, que somos nós mesmos. Aprender a ver tudo com equilíbrio, leveza, ponderação e sabedoria. Sendo assim, podemos viver e sermos felizes, sem que sejamos reféns de um mundo virtual.
Dispomos de ferramentas internas suficientes para lidarmos com a vida real como ela se apresenta. Vamos refletir!
Odete Aparecida Bazilio
Psicóloga Clínica
CRP: 06/ 42532